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Saúde Mental e Emocional

Setembro Amarelo é o mês de campanha para a prevenção do Suicídio. Um tema duro...pior ainda se falarmos de crianças.

Sim, temos de falar de crianças pois para mim é aí que está a raiz do problema.

Um adulto com traumas, ansiedade, frustrações, falta de confiança... o problema vem, na maioria das vezes, da infância. Da forma como os pais educam, como os pais lidam com as emoções das crianças, o exemplo que têm, a exigência parental.

A maioria de nós foi criado com a noção que se tem de ser forte, obediente (criança não tem opinião) e saber controlar muito bem as emoções desde criança. Quem nunca ouviu pelo menos uma destas expressões que ponha a mão no ar:

  • “Não chora, homem não chora!”

  • “Uma menina tão bonita a chorar?”

  • “Se choras ficas feio/a!”,

  • “Engole o choro”

  • “Estás a chorar sem razão”

  • “Não me desafies”

  • “Faz o que digo, não o que faço”

  • “Quem manda sou eu”

  • “Deixa de fazer fita”

  • "É assim e pronto!"

 

Poderia continuar a listar...poderia contextualizar mais ainda...mas a verdade é que muitas das barreiras que são colocadas na infância influenciam o adulto que este se tornará e é preciso consciencializar-se já!

Se gerir emoções para um adulto nem sempre é fácil imaginem para uma criança que está ainda a descobrir quem é, qual o seu propósito no mundo e não tem experiência suficiente para saber lidar em certas situações. Há contextos em que as atitudes dos pais contam e muito para a resolução de certos problemas que vão surgindo. 

Uma criança irritada, por exemplo, ela não está assim porque quer, nem está a fazer frente aos pais. Ela simplesmente chegou num ponto em que não consegue mais lidar com aquela emoção/situação e é a forma que tem de pedir ajuda. Muitas vezes fomos nós que provocámos aquele comportamento sem darmos conta (ou porque tem sono e já passou da hora, ou porque tem fome, ou está cansada, ou ainda teve excesso de estímulos e está super ativa). Nesse momento a criança precisa de se acalmar claro, mas ela precisa de ajuda pois ainda não tem capacidade para fazê-lo sozinha. Gritar com a criança, mete-la num canto para se acalmar, bater ou castigá-la só terá o efeito contrário. Nem sempre é fácil, eu sei, mas aí entra a parte em que nós pais também temos de aprender a controlar emoções antes mesmo de exigir da criança. Somos o espelho delas e as nossas reações serão o exemplo para elas.

Uma criança que sempre que tem uma situação na escola com os colegas que o deixou triste e ao tentar falar com os pais, estes desvalorizam o sentimento da criança e não falam sobre o assunto com o passar dos anos só vai gerar na criança uma falta confiança e vai começar a camuflar os seus sentimentos menos bons e será certamente uma grande barreira e frustração em certas alturas da vida.

E as comparações constantes de alguns pais com os filhos dos outros? Porque o filho do vizinho já não usa chucha, fralda, ou tem melhores notas, porque aquela prima é que é um exemplo, nunca chumbou e sabe o que quer ser. Imaginam o que isto vai implicar enquanto adulto? Ele nunca vai acreditar nas competências dele, vai se sentir sempre inferior e vai sempre limitar-se a arriscar em novos desafios. 

 

A demonstração de afeto, podemos ainda falar? Quantos de nós ouvimos com frequência, enquanto criança ou adolescente, dos nossos pais um “Amo-te”, “Podes sempre contar comigo”, “És muito importante na minha vida”, "Tenho orgulho em ti". Ou ainda, foram beijados e abraçados sem razão alguma por eles? Parece até estranho mas a verdade é que as outras gerações não foram criadas com esta abertura emocional com os filhos. Com isto não quer dizer que não sentissem mas a demonstração de amor era ter comida na mesa, roupa limpa, uns estudos pagos e a exigência parental em querer que sejamos alguém na vida.

Cabe a nós, pais do século XXI a mudar o ciclo. Crianças precisam de regras sim...mas precisam de colo, de amor, de validação, de reconhecimento, de se expressar. Vamos ouvir mais as nossas crianças/adolescentes, ajudá-los a compreender cada emoção...vamos cuidar da saúde mental desde cedo.

 

Eles são o futuro e nós somos responsáveis por grande parte desse futuro enquanto pessoa.

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