Sem dúvida que falar do pós-parto ainda hoje mexe comigo, e não é exagero. Tive muito medo, pois apesar de ter tido uma gravidez tranquila tive problemas pessoais que mexeram muito comigo psicologicamente.

 

Para vos falar do pós-parto tenho, primeiro, de vos falar do ultimo mês de gravidez. Não sabia como iria ficar depois do parto, mas não me senti preparada para o que estaria para vir e por isso antecipei-me.

Sou uma pessoa muito emotiva e sentimental. Vivo intensamente cada sentimento e gerir a felicidade e a tristeza foi o maior desafio durante a gravidez. Com todo este panorama resolvi procurar ajuda profissional no ultimo mês de gestação. Contactei a minha psicóloga e desde a primeira sessão senti que este tinha sido o passo mais importante: reconhecer o problema e procurar ajuda. Tinha (e ainda tenho) algumas "gavetas" para arrumar e só com um profissional é que consegui arrumar algumas delas. Na véspera do nascimento da Alícia tive uma sessão que a defini como "Renascimento"- estava psicologicamente pronta para a receber e lidar com todas as mudanças que um pós parto poderia trazer. 

​

É ser boa mãe, é ser boa mulher, é não errar, é estar sempre bem. Não se verbaliza mas é o que todos esperam de uma mãe que acabou de ter o seu filho. E este olhar sem espaço para erro pode ser complicado de lidar com o passar do tempo. 

​

Mesmo com esta preparação claro que é inevitável não sentir o turbilhão de coisas após o nascimento.

É tão estranho o que acontece que tive a sensação que mais ninguém me entendia (nem mesmo algumas as mães).

Havia dias em que não queria ver ninguém, não tinha a mínima paciência para visitas (dar o melhor ar que estou perfeitamente bem, a recuperar bem do parto e a viver o melhor momento sem grandes complicações), não queria arranjar-me, esquecia que tinha de me alimentar, só queria estar na minha "bolha". Mas logo a seguir passava e estava tudo bem. Para algumas pessoas era complicado de  entender o processo. 

​

Aprendi que tudo o que estava a sentir era normal e temporário. Só tinha de dar tempo e aceitar aproveitando o melhor da minha nova realidade.

Importante lembrar que cada mãe vive de forma diferente este período. O parto é um processo muito complexo para o corpo da mulher e é perfeitamente normal que leve tempo para que o corpo que acolheu um ser durante 9 meses volte ao seu dito normal. São imensas mudanças, quer a nível físico quer a nível hormonal. Por isso a qualquer altura se sentirem que precisam de ajuda profissional, não hesitem em pedir. Em alguns casos é a grande solução.

 

Aceitem, este é mais um processo em que se tem de lidar com a mudança ao mesmo tempo que se é mãe mas sem nunca esquecer que se é mulher. 

​