O Parto
Vinte Horas! Não foi a hora de nascimento, foi o tempo de trabalho de parto. Mas este testemunho não é para traumatizar ninguém, nem tirar a vontade de ter filhos ou ainda assustar quem está prestes a tê-lo. Até porque apesar do tempo...correu tudo muito bem e não tenho nada a queixar-me (a não ser as dores, mas acho que já nem lembro delas).

Tendo uma gravidez considerada de risco a data do parto foi logo agendada pois não podia passar das 40 semanas. Na véspera desta data fiz tudo o que ouvi dizer que (supostamente) ajudava a acelerar o trabalho de parto (estou a rir até hoje como é óbvio). Fiz uma caminhada intensiva de 2 horas (a passo de caracol na realidade mas achava que estava a todo gás), jantei um prato indiano bem picante e finalizei o dia com um belo banho de banheira. E foi aí mesmo, ao tentar levantar-me da banheira, que me rebentaram as águas. Pensei logo que estava no caminho certo e que tudo tinha resultado. Não queria de todo que me induzissem o parto e queria que fosse o mais natural possível.
Às 23 horas do dia 12 de Novembro vou para o hospital e na triagem a médica veio analisar quantos dedos de dilatação tinha. Estava confiante, passei os últimos meses sentada na bola de pilates o tempo todo que conseguia. Eis que a médica diz “Ainda tem muito tempo pela frente, não tem nem 1 dedo de dilatação). Caiu-me tudo, mas estava com a esperança que o picante do jantar ajudasse na rápida dilatação (ainda estou a rir, eu odeio comida picante mas mesmo assim fui confiante).
Achei que tinha tempo e que iria dormir antes das contrações começarem. O pai dormiu logo, eu nem uma sesta consegui fazer. As contrações começaram lentamente e estava a suportar bem, fazia tudo o que tinha aprendido para essa hora. Tudo para evitar a Epidural. E aguentei-me, mas às 10 da manhã, do dia 13 de Novembro, tinha apenas 5 dedos de dilatação. Estava acordada já à 24 horas, estava a ficar cansada e as dores cada vez estavam mais fortes. Tinha o pai e a enfermeira a convencerem-me com a Epidural. Já nada do que fazia aliviava as dores e já via o desespero na cara do pai mais pela vida dele, por estar ali comigo naquele estado. Não aguentei e aceitei a Epidural.
Começa a fazer efeito, foi só a melhor coisa da vida naquele momento. Já estava nova e (quase) sem dores. O tempo passou mas a dilatação sempre a um ritmo muito tempo. O desespero de ver as horas a passarem só aumentava. Já falava com a minha filha e pedia-lhe ajuda para a hora H. E chego finalmente aos 8 dedos de dilatação pouco antes das 18 horas. Anunciam-me que está mesmo quase e a qualquer momento ela iria nascer o que não esperava era que os planos mudassem rapidamente. Um médico informa-nos que terá de ser uma cesariana pois não dá para esperar mais.
Foi o maior choque e só conseguia chorar (aliás só parei de chorar na sala de recobro).
Enquanto me preparavam só pedia para me manterem acordada, estava sem forças mas só queria me aguentar para vê-la nascer e ouvi-la chorar. Em minutos comecei a ouvi-la chorar. Pesaram, vestiram e trouxeram-na até mim “Aqui está a sua filha!” e logo levaram-na para o pai.
Já no recobro com tempo de a ver bem, analisar cada detalhe, cada membro, cada traço do rosto... Peguei-a nos braços e amamentei-a.
Ali começou a maior aventura das nossas vidas!